Ainda sou do tempo em que usar óculos era quase um crachá de inteligência. Era simples: armações grossas, lentes discretas, e pronto — tinhas "cara de quem sabe". Um estereótipo básico, é certo, mas que, na escola, servia para catalogar cabeças pensantes com a rapidez de quem preenche um teste de escolha múltipla.
Hoje, tudo mudou. Inteligência deixou de ter um "look" óbvio e assumiu um estado quase quântico: impossível de prever até a pessoa abrir a boca ou o código-fonte. É como se o velho padrão se dissolvesse num infinito de possibilidades — e de surpresas. Afinal, nem o sotaque, nem o vestuário, nem os adereços te dizem quem realmente entende do que fala.
A verdade é que aparência nunca foi sinónimo de essência. E se a inteligência já não cabe numa fórmula, que bom é deixarmos de tentar encaixá-la numa moldura. O mundo, por mais caótico que seja, ganha ao surpreender-nos.
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