sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Ser Charlie não chega

Há imensa gente a ser Charlie nestes dias, tanta gente a lutar pela liberdade de expressão quando o próprio Charlie Hebdo em 2008 despediu o cartoonista Maurice Siné por ser alegadamente antissemita. Afinal nem Charlie Hebdo é Charlie, parecem existir limites mas são diferentes para grupos de interesse diferente. Há que reflectir sobre as contradições na vida vivida dos valores que temos com universais.
Devemos pensar porque razão sentimos todo este ódio em relação a estas mortes e no entanto não sentimos o mesmo por um numero maior de mortes inocentes em vários conflitos pelo restante mundo fora. No mesmo dia do atentado em França 37 jovens foram mortos no Iémen num atentado bombista. Em Novembro do ultimo ano 43 jovens foram assassinados por defenderem a liberdade de imprensa e desde o ano 2000, no mesmo país, já foram também assassinados 102 jornalistas por defenderem a mesma ideia.

Porque não podemos ser as mulheres vitimas do Boko Haram?
Porque não podemos ser as mulheres mutiladas na Etiópia?
Porque não podemos ser os milhares de crianças traficadas todos os anos em Africa?
Porque não podemos ser também os muçulmanos massacrados em Myanmar?

Estará a nossa reacção baseada na ideia de que as vidas de europeus, de cultura cristã, vale mais do que as dos restantes?



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