Filosoficamente, qual a importância da filosofia? Para quê usar as palavras e tentar fazer raciocínios que depois falham quase sempre no caso concreto? Para quê? O ser humano precisa de filosofia, e muitas vezes nem se apercebe disso. As pessoas vulgares que encontramos na rua utilizam expressões como : "quem anda à chuva molha-se". Os provérbios populares e outras lições extraídas da pura experiência que é viver são em última análise filosofia tácita (calada). A questão é esta (e este é mais um desafio para os espíritos do universo que estão inquietos): serão as máximas filosóficas, os provérbios, realmente regras absolutas? Eia,calma... A primeira resposta de uma pessoa céptica seria dizer nada é absoluto, tudo é relativo e condicionado. Pois sim... mas na filosofia o mais importante não é responder as perguntas, nem tão pouco responder-lhes acertadamente, é pensar na pergunta e quando se pensar em responder fundamentar, não vamos dizer só porque sim. Opiniões, soluções diferentes para uma mesma questão, máximas de vida, estilos de vida há muitos, quantidades bíblicas ou até, mais adequadamente, quantidades 'facebookianas'. Opiniões, soluções, máximas e estilos pensados e fundamentados é que há poucos. Nem precisa de ser uma fundamentação profunda; BASTA TIRAR 2 MINUTOS PARA QUESTIONAR O PORQUÊ ANTES DE CONTINUAR. Com este alerta venho expor uma questão que pensei, quando cometemos erros na nossa vida, tentamos que eles nos sirvam de lição (tentamos, o que não quer dizer que isso efectivamente aconteça), ou seja, à partida tentamos não repetir uma mesma conduta se ela já teve anteriormente um resultado infeliz. No nosso subconsciente ficam a pairar umas espécies de regras que criamos a partir da várias situações que experenciamos: exemplo: se namoramos com uma pessoa muito diferente, a regra que implicitamente tentamos dizer para nós , e que até aconselhamos a outros, em jeito de desabafo, é que os opostos atraem-se e estar com alguém parecido a nós não funciona. E durante uns tempos é nisso que acreditamos. Até que chega o dia em que uma pessoa completamente diferente de nós vem ter connosco, e passado algum tempo invertemos radicalmente a regra e passamos a considerar que os opostos só funcionam enquanto são novidade e que precisamos de alguém que tenha os mesmos interesses. Acreditamos nisto mais uns tempos... quanto? não interessa! Até que um dia surge uma pessoa "intermédia" e tudo falha na mesma. E todas as regras que criamos, que demos como máximas falham naquele caso concreto.
As máximas que aspiramos, e que resultam da nossa experiência, são como as Leis (e perdoem-me a metáfora jurídica): são pensadas para situações gerais e abstractas, mas há sempre um caso em que a aplicação ao caso concreto falha. Porque? Porque todas as situações de vida tem particularidades, pormenores, factores sui generis( único no seu género), e a adaptação da Lei ao caso concreto pode falhar devido à especificidade da situação. Aí temos lacunas legais, mesmo, que tem de ser integradas pelo intérprete através do espírito do sistema jurídico. Na vida é assim:
alguém nos deu um conselho valioso, mas como a nossa situação é necessariamente diferente, ponderamos todos os elementos e pensamos em todos os pormenores (porque os pormenores são aquelas pequenas grandes diferenças) e muitas vezes vemos que o conselho não encaixa na nossa situação ou então encaixa mal.
Quem diz um conselho, diz um pensamento íntimo de nós pergunta-se: não devemos ter regras e tentar pensar sempre nas coisas na óptica da arbitrariedade? Eu gosto de pensar que não, as máximas dão-nos segurança, são indicadores de orientação daquilo que pensamos que está bem, e apesar de falharem de vez em quando, são aquilo que nós somos em regras. São fruto da nossa experiência, são nós mesmos em letras. O que temos de fazer é te-las como leis orientadoras e ter a flexibilidade suficiente de as contornar em prol de uma regra melhor, mais 'acima', quando é necessário numa situação concreta.
Com esta abordagem filosófica disse muita coisa em abstracto e se calhar para 'vocês' não disse nada em concreto. Para outros disse muita coisa, porventura.. enfim este é o problema da filosofia: quando filosofamos estamos precisamente a partir de uma situação, estamos a pensar concretamente num acontecimento,e pomo-nos a teorizar. Que se lixe! Ainda bem que podemos filosofar! Ainda bem que podemos tentar criar regras que para nós mesmos que fazem sentido, mas que a ser lidas por outros, e isso é o mais importante, parecem um disparate! Viva o disparate!
Este post deve, mais uma vez, um especial agradecimento à Cláudia IFD
VIVA A FILOSOFIA!!!!
R.M.